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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

OLIMPIADAS 2016

LIBERTINOS E ESTROINAS

Quando da realização da Copa de 214, fui criticado por ter sido contra o Brasil sediar o evento. Preferia que os R$ 28 bilhões gastos fossem totalmente investidos em infraestrutura de base.

Os ingênuos sugeriam que o saque era investimento e que, no mínimo, a publicidade da Copa seria propaganda “gratuita” do Brasil alhures, o que aumentaria o fluxo turístico.

O único fluxo turístico que aumentou foi o dos argentinos (300% em relação a 2014), mas não por causa da Copa de 2014 e sim porque o dólar chegou a R$ 4, fazendo com que o real já acumule 20% de desvalorização em relação ao peso argentino, o que me faz repisar a opção de que jogamos R$ 28 bilhões em terra que goleiro pisa, onde nem grama nasce.

Mas não nos bastou a Copa de 2014: a mesma irresponsabilidade fiscal se repete com as Olimpíadas, que custarão ao Brasil R$ 36,7 bilhões, dos quais 57%, ou R$ 20,9 bilhões serão sacados contra o erário.

Mas o Brasil, com certeza, será, de novo, notícia positivo mundo afora, o que reforça a nossa opção pela burrice. Se o nosso negócio é ser notícia positiva, com 5% disso pagos às grandes redes mundiais, venderemos que Jesus Cristo nasceu em Belém, do Pará, e que Deus é, mesmo, brasileiro.

E na Copa do Mundo as sedes se espalharam, enquanto que nas Olimpíadas de 2016, as tais obras de legado (investimentos em transporte e urbanização) serão erigidas apenas no estado do Rio de Janeiro.

E no meio dos bilhões, no final de novembro, o governo federal e o estado do Rio de Janeiro resolveram colocar mais R$ 460 milhões na conta das respectivas viúvas, combinando dividir o custo de energia elétrica a ser usada nos 17 dias do evento. A tunga no erário federal será de R$ 300 milhões e no estadual R$ 160 milhões.

Como o governador do Rio de Janeiro não conseguiu aprovar o projeto autorizativo na Assembleia Legislativa do Rio, quer passar a totalidade da conta para a Dona Dilma. O que são R$ 460 milhões para quem já gastou bilhões?

Enquanto isso, paciente com câncer, no SUS, tem que buscar a Justiça para conseguir um remédio que custa R$ 20 mil, 40% dos domicílios nacionais não são servidos por rede de esgoto sanitário (PNAD 2014) e o Ministério da Educação perdeu R$ 10,5 bilhões do seu orçamento em 2015.

Disse o oficial francês François Rochebrune, que “o libertino dissipa a vida, como o estroina dissipa o ouro”. Embora a reciproca não seja verdadeira, o estroina é um libertino: é nessa categoria que o Brasil se insere, com a insensatez dos seus governantes.


Ω Parsifal Pontes 

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